O planejamento coletivo da Gira Girou segue seu percurso rumo à cartografia dos nossos projetos. Sob a coordenação de Aiamar de Araújo, educadores e gestores da escola tiveram um segundo encontro no qual o entrelaçamento de linguagens foi aprofundado na prática do ateliê. A proposta, explicou a coordenadora, era ter um olhar estético expandido.

Professores de referência, brincantes e Cem Linguagens foram então convidados a preparar o ateliê, assim como fazem diariamente com as crianças. O grupo foi subdividido em equipes menores e, em cada uma delas, havia a sugestão de uma atividade, com elementos específicos de diversas expressões da arte, da educação e da comunicação. 

Antes de formar equipes menores, o grupo buscou inspiração na "Poesia Completa", de Manoel de Barros. Um verso sugeriu que "as árvores velhas foram todas preparadas para o exílio das cigarras". A ação poética do cuiabano era a de "desinventar objetos", algo muito apropriado a uma escola que, inspirada em Regio Emilia, promove ateliês que são montados e desmontados constantemente por toda a Gira. 

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Três propostas foram levadas adiante por três grupos. 

 1. Um grupo modelou em biscuit o cenário da música "Pau de Arara", de Luiz Gonzaga. Com a construção de uma maquete livre, deu-se forma aos versos que situam na saída do sertão o retirante que levou apenas a coragem e a cara.

 2. Um grupo adaptou o livro "O menino parafuso" para uma apresentação de dança. Na história de Olívia de Melo ilustrada por Angelo Abu, percorre os quintais da vizinhança e vai vestindo o que encontra. O menino que rebola e faz piruetas, vai criando uma coreografia, vestindo saias e anáguas e despertando a curiosidade alheia. 

 3. Este grupo virou dupla e trabalhou a partir do "Livro da Com fusão". Neste conto de fadas, os autores Ilan Breman e Fê brincam de inventar palavras, proposta feita também aos educadores da Gira Girou. A ideia era juntar objetos para criar o inexistente, que além do registro gráfico, ganhou um desenho correspondente. 

Os ateliês aconteceram ao mesmo tempo, fortalecendo a escola com espaços altamente provocadores. Apesar da aparente orientação do percurso, os professores deixaram suas marcas autorais e também coletivas, mostrando que todo ser humano nasce com o potencial de criar.