Giro na Leitura

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Sobre um Encontro Feliz

Um encontro feliz. Este é o significado da palavra “abaoymi” que, no texto e nas ilustrações de Adilson Passos, mostra a história de um povo africano de muito tempo atrás. Na comunidade Abayomi, as tarefas de homens e mulheres eram separadas. Elas cuidavam dos afazeres domésticos e eles caçavam. As mulheres também faziam bonecas com retalhos de pano, que arrancavam de seus próprios vestidos. 

Sem costura e apenas com nós, elas ofertavam esses brinquedos para as crianças. Assim, essa comunidade viveu até que um dia as mulheres se reuniram para questionar a liberdade de suas escolhas. Não havia problemas em cozinhar, lavar, passar e cuidar das crianças, mas e aquelas que desejassem lutar? Não poderiam? Para os homens, isso era impossível. Eles simplesmente se recusavam a mudar uma cultura de tantos anos. 

Quando o povo Abayomi se viu diante da guerra, porém, algo foi diferente. Este é um livro sobre ancestralidade, amor e feminismos, temas essenciais para o debate com as crianças. Resultado do projeto de conclusão do curso em Belas Artes (Ufba), o livro de Adilson tem licença poética para um fato histórico. O autor escolheu retratar a delicadeza e a resistência Abayomi na liberdade de uma tribo em lugar de fazer referência aos navios onde as mulheres escravizadas amarraram muitas bonecas, nas tristes viagens da África para o continente americano. O livro traz um texto informativo no final, para que as crianças conheçam a História. 

Mas é bonito e corajoso como o autor escolhe falar de encontro a partir da liberdade e não da escravização humana. Nas palavras da editora Solisluna, “este é um livro para que meninas e meninos conheçam um símbolo de amor e reconheçam o valor da identidade do povo negro brasileiro, referencial positivo para o imaginário infantil”.

Leia
As mulheres Abayomi
Texto e ilustrações: Adilson Passos
Editora Solisluna,36 páginas, R$ 39,90

Ciranda Literária

Antes de a Gira Girou ter uma biblioteca, os livros já circulavam na Ciranda Literária, feita com a mediação das professoras de referência. No início de cada semestre, as crianças trazem para a escola três exemplares que irão compor o acervo coletivo de cada turma. Em um diálogo permanente com a coordenação pedagógica, as famílias são incentivadas a realizar uma curadoria que esteja atenta à qualidade dos livros trazidos para a ciranda. Defendemos obras que abordem temáticas diversas e que tenham um cuidado editorial, compreendendo que o livro para crianças é um brinquedo e também um instrumento de aprendizagens constantes.

Toda sexta-feira, durante a assembleia, os livros são colocados em roda para que as crianças possam escolhê-los. As professoras e estagiárias favorecem este momento com a contação de histórias, pequenas encenações e brincadeiras que incentivem o contato com as obras dispostas na ciranda. Após a escolha, cada criança levará o livro para casa, para ser lido com as famílias no final de semana. Na segunda-feira, de volta à escola, uma nova assembleia será formada para dialogar sobre as experiências vividas nos dias sem aula e também para reflexões sobre os livros que cirandam. Assim, a literatura circula de um modo em que todas as crianças favorecem as leituras umas das outras, neste projeto dinâmico e coletivo.

Clube dos Livros Vivos

O Clube dos Livros Vivos nasce com o Ensino Fundamental na Gira Girou e com a criação da biblioteca da escola. A ideia foi dinamizar esse novo espaço e incentivar nas crianças e relação com a leitura. Iniciamos o Clube valorizando autores baianos, que abordaram aspectos ligados da cultura e identidade, como as nossas origens africanas, um dos temas de pesquisa do Ciclo IV, em 2018.

 Em 2019, o projeto cresceu e passou a incluir toda Gira, desde o Berçário. A intenção é incentivar a leitura na vida das crianças desde sempre e que o livro seja visto também como um brinquedo. Em dois anos, o projeto recebeu 20 convidados. Já em 2020, ano de  pandemia, o Clube se adaptou à quarentena e permaneceu ativo em lives lives nas redes sociais da escola. Perdemos o contato presencial com os autores, pesquisadores e realizadores, mas ganhamos a possibilidade de dialogar com pessoas, literalmente, de qualquer lugar do mundo.

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