Eu nasci num cortiço onde não entrava polícia nem ambulância. O senhor Cardoso me livrou de um destino horrível, pois, na rua da minha infância, ele era o único que lia livros. Todos os meus companheiros de infância morreram com menos de 30 anos e eu fui salvo pelos livros. Mais adiante fui encontrando outros mestres e hoje vejo que os maiores mestres são as crianças.
São muitos os mestres que inspiram e iluminam a longa jornada de aprendizado que é a vida e para exemplificar este pensamento, cada participante iniciou a conversa compartilhando uma memória de seus mestres da infância.”
O mestre que quero compartilhar é esta entidade intangível que é a natureza. É uma aventura viver e sobreviver quando se está em fricção com a natureza. A natureza me ensinou o sentido da liberdade e que reconhece todos os outros como iguais. Isso é liberdade. E como vivo num mundo de iguais, não tenho do que ter medo.”
Texto de Ailton Krenak, ambientalista e líder indígena, fundador do Núcleo de Cultura Indígena na Serra do Cipó, Minas Gerais.